quinta-feira, 28 de maio de 2009

Estou indecisa ... parte II

Ainda relacionado com esta música li um artigo de opinião do crítico João Bonifácio em
que me chamou a atenção, principalmente para esta parte:
"(..) Quanto a Sónia Tavares, o caso é mais ambíguo: ela sabe cantar, tem pulmão para subir quando é necessário, mas por vezes parece não ter a mão do que está a fazer.
Quando no refrão de "Gaivota" Tavares abre as vogais todas no verso "Que perfeito coração", o exagero vocal é tamanho e particularmente notório aquando do ataque a "coração". Todo esse empenho está mais próximo do emocionalismo imediato de uma Ágata que da contenção, plena de luta interna, de Amália. Se quiserem vão ao Youtube verificar: o "coração" de Amália é todo ambiguidade e vibrato, coisa oscilante, por oposição ao "coração" que é só pulmão de Tavares.
Dar as notas de uma canção não é o mesmo que transmitir o sentimento inscrito nessa canção. É como se para Tavares ser intensa implicasse inchar as sílabas, enchê-las de ar e fazer muito espalhafato, em vez de cantar o que lá está e a canção pede. O problema de "Amália Hoje" é que se encontram pormenores de mau gosto como este em todas as canções: quando não há uma vocalização exagerada, há um qualquer coro de mau gosto (embora o de "Gaivota" chegue a ter graça de tão kitsch que é), partes electrónicas descabidas, "aaaaas" deslocados, etc. (...)"
Então voltei a ouvir a música e realmente a forma como "corta" o coração mete dó ... agora não consigo ouvir como antes a música. Não se faz isto, nem em alguns grupos amadores ... e decididamente não é de aceitar de um grupo com a projecção dos Gift ... além disso sente-se muito as "respirações" durante a música. Ok, já não estou indecisa ... Amália, é Amália a minha escolha :)

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